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O documentário Blackfish destacou a violenta captura de orcas e seu cruel aprisionamento no SeaWorld, mas é importante lembrar que as orcas não são os únicos cetáceos que sofrem no SeaWorld e em outros parques marinhos nos EUA, onde são procriados à força, são confinados a tanques apertados, são usados em circos marítimos cruéis e perigosos e morrem prematuramente.
Procriação
Três anos atrás, enfrentando críticas crescentes da PETA, de cientistas e do público por seu tratamento inadequado às orcas em cativeiro, o SeaWorld anunciou que encerraria seu programa de procriação de orcas. No entanto, a empresa continuou a procriar golfinhos-nariz-de-garrafa e golfinhos-de-laterais-brancas-do-pacífico, pequenos primos das orcas, e agrupa cerca de 140 deles em apenas sete tanques de concreto apertados.
De acordo com informações do ex-treinador do SeaWorld e denunciante, John Hargrove, os golfinhos machos do SeaWorld são masturbados de maneira semelhante às orcas. No vídeo abaixo, Brian Rokeach, “treinador de baleias assassinas” do SeaWorld, pode ser visto segurando uma sacola plástica enquanto agarra e masturba os órgãos genitais de uma orca durante uma “coleta de sêmen”.
Segundo um relatório de Todd Robeck, vice-presidente do SeaWorld, os funcionários inseminam artificialmente os golfinhos-nariz-de-garrafa. Para fazer isso, eles primeiro drogam o golfinho fêmea relutante com diazepam, uma droga com efeitos sedativos, e a tiram da água para que ela não consiga reagir. Eles então enfiam endoscópios (câmeras e tubos cheios de sêmen) no útero dela.
Tragédias antigas nos ensinaram que as práticas de procriação do SeaWorld resultam em histórias comoventes de separação e, às vezes, até de morte. Um exemplo é o caso de Ruby, uma baleia beluga que foi engravidada repetidas vezes no SeaWorld, mesmo depois de atacar e matar seu primeiro filhote em 2008. Ela engravidou novamente em 2010, dando à luz uma filhote chamada Pearl. O SeaWorld fingiu surpresa quando, mais uma vez, ela rejeitou sua prole. Um ex-mergulhador do SeaWorld alega que a equipe havia previsto que Ruby rejeitaria o bebê, até aumentando a dose de diazepam que davam a ela, na tentativa de mantê-la calma. Ela engravidou novamente em 2012. Embora tenha sido relatado que a concepção era natural, dado o seu histórico, o SeaWorld deveria ter impedido a nova gravidez. Ruby sofreu um abortou em sua terceira gravidez e, após uma falência nos rins, ela morreu em 2014.
A história de Martha é igualmente trágica. Ela é uma baleia beluga que foi capturada na natureza e sofreu procriações forçadas repetidas vezes enquanto estava no SeaWorld. Dos cinco filhotes que ela deu à luz no parque de abusos, quatro estão mortos, e o quinto foi tirado dela e enviado para vários locais em todo o país.
Condições de vida inadequadas
Os animais no SeaWorld costumam ser alojados isoladamente ou em grupos incompatíveis. Eles são frequentemente transportados de/para vários parques ou aquários e transferidos entre diferentes tanques. Essas situações inconsistentes e não naturais de moradia podem resultar em ferimentos e estresse. Um exemplo disso é a história de Nanuq, uma baleia beluga que foi mantida em cativeiro no SeaWorld Orlando, na Flórida.
Na natureza, as belugas vivem juntas em pequenos grupos familiares. Eles são animais sociáveis e se comunicam usando uma linguagem de cliques, assobios e tinidos; mas, em 1990, quando Nanuq tinha apenas 6 anos de idade, ele foi arrancado de seu grupo familiar e das águas que eram seu lar, em Manitoba, Canadá.
O Vancouver Aquarium detinha a posse dele, mas, como se fosse um equipamento, ele estava “emprestado” ao SeaWorld para fins de lucro. A baleia sensível e inteligente foi transportada cinco vezes entre os vários parques do SeaWorld, onde foi usada para procriação e entretenimento para os visitantes do “Programa de Interação com Belugas” dos parques.
De acordo com o The Globe and Mail, “foi coletado sêmen da beluga Nanuq, do Vancouver Aquarium, 42 vezes e, posteriormente, as coletas foram usadas em 10 tentativas de inseminação com sete fêmeas diferentes. Isso resultou em duas gestações, uma das quais resultou em filhotes gêmeos”.
Nanuq morreu em março de 2015 enquanto estava sendo tratado por veterinários do SeaWorld por conta de uma infecção por uma lesão na mandíbula, a qual ele sofreu durante uma “interação” com duas outras baleias. Enquanto os animais na natureza podem fugir de encontros agressivos, ficar confinado a tanques apertados no SeaWorld torna a fuga impossível.
Truques absurdos
No final de 2018, uma veterinária da Fundação PETA observou golfinhos em todos os parques do SeaWorld nos EUA e descobriu que os animais tinham feridas abertas e cicatrizes extensas em seus rostos e corpos. Apesar disso, os treinadores ainda os usam como pranchas de surfe, ficando de pé em seus rostos e costas para fazer acrobacias sem sentido. Os golfinhos são forçados a se apresentar em troca de peixes mortos várias vezes por dia, diante de multidões estridentes e, ao mesmo tempo, sendo submetidos a músicas desorientadoras e amplificadas, um ataque auditivo constante que provavelmente é causa de estresse crônico. Durante esses truques de circo, as mandíbulas inferiores dos golfinhos, que são altamente sensíveis e cruciais para a audição, suportam quase todo o peso dos treinadores.
Dolphins at #SeaWorld are forced to perform confusing tricks & live in tiny concrete tanks. #NationalDolphinDay pic.twitter.com/WTm2t3Jf3s
— PETA (@peta) April 14, 2016
Acrobacias como essas são inerentemente cruéis, mas alguns truques se mostraram até mesmo fatais para os animais.
Em 2008, Sharky, um golfinho em cativeiro no Discovery Cove do SeaWorld em Orlando, foi ferido fatalmente ao realizar um truque aéreo. Ele colidiu no ar com outro golfinho e morreu pouco tempo depois.
Em 2012, na instalação do SeaWorld em San Antonio, dois golfinhos se chocaram um contra o outro enquanto executavam um truque de salto; um deles foi arremessado do tanque para uma passarela de concreto. O golfinho ficou desamparado e sangrando enquanto os visitantes observavam.
Em 2013, durante um show no SeaWorld Orlando, uma baleia-piloto ficou presa em uma borda e lutou para voltar à água. Os treinadores do SeaWorld não ajudaram o animal angustiado, e a baleia continuou tentando por pelo menos 25 minutos, enquanto a plateia observava horrorizada. O incidente perturbador foi capturado em vídeo por Carlo De Leonibus, que havia levado sua filha, Cat, ao parque para comemorar seu 11º aniversário. Cat, que já havia considerado seguir carreira como treinadora de golfinhos, disse ao site TakePart.com que nunca trabalharia para o SeaWorld depois de testemunhar o evento traumático.
(Aviso: o vídeo contém linguagem explícita)
Outras interações com humanos
Interagir com os seres humanos de outras maneiras também pode ser extremamente perigoso para a saúde dos golfinhos.
Em 2014, a Dra. Heather Rally, veterinária, visitou o SeaWorld San Diego para observar os mamíferos marinhos do parque. Ela constatou sinais de patologia da pele aparente em golfinhos alojados na piscina de interação do SeaWorld e cicatrizes provavelmente causadas por agressão, além de exposição excessiva à luz solar e a patógenos terrestres. Entre as condições anormais que podem contribuir para doenças de pele nesses animais estão a supressão imunológica induzida pelo estresse e a exposição constante a organismos encontrados nas mãos humanas. “Eu presenciei várias sessões de treinamento com os visitantes, e os visitantes nunca foram instruídos a lavar as mãos antes de interagir com os golfinhos”, relatou ela.
Alguns parques do SeaWorld, incluindo o Discovery Cove do SeaWorld, em Orlando, anunciam até mesmo encontros individuais de interação com golfinhos. Ao nadar com os golfinhos, os visitantes são incentivados a agarrar suas barbatanas dorsais e dar um passeio com eles. Embora a maioria das pessoas tenha boas intenções quando faz excursões ou visita parques que lhes permitem nadar com animais, esses encontros são perigosos para os animais e para os humanos e apoiam a crueldade com os golfinhos.
O cativeiro machuca
Os golfinhos não são os únicos que sofrem ferimentos como resultado desses ambientes e interações não naturais.
Em 2014, um golfinho no Dolphin Cove do SeaWorld San Antonio agarrou a mão e o pulso de uma menina de 9 anos com tanta força que a mãe da criança não conseguiu libertá-la, e um funcionário do SeaWorld precisou intervir.
MORE trouble at @SeaWorld! Dolphin BITES 9-yr-old girl: http://t.co/HwJsLCv56O
RT to show how #CaptivityKills! pic.twitter.com/AodbZrOxMG
— PETA (@peta) February 27, 2014
Em 2012, Jillian Thomas, de 8 anos, estava dando peixes a um golfinho no Dolphin Cove do SeaWorld Orlando. Quando ela pegou a caixa de papel usada para segurar o peixe, um golfinho pulou para agarrá-la, mordendo a mão da criança no processo. A menina sofreu ferimentos por perfuração e o animal provavelmente ingeriu a caixa toda.
Um incidente semelhante ocorreu no local em 2006, quando a boca de um golfinho teve que ser aberta à força para soltar a mão de um menino de 7 anos de idade. Foi a segunda vez em três semanas que uma criança foi mordida na atração.
Privados de suas famílias, vidas sociais e liberdade, esses animais inteligentes e sensíveis ficam cada vez mais frustrados, contribuindo para a probabilidade de exibirem comportamentos potencialmente prejudiciais sem aviso.
Mortes não naturais e a promessa de santuários marítimos
Mais de 40 orcas e aproximadamente 300 outros golfinhos e baleias morreram sob a guarda do SeaWorld, muitos deles prematuramente.
Embora o SeaWorld finja ignorância, o alto número de mortes prematuras e incomuns em seus parques aponta para um sério denominador comum: o cativeiro.
O foco recente do SeaWorld em brinquedos e eventos, em vez de seus atos cruéis com animais, provam que é viável manter o parque sem animais. Mas, para atingir o verdadeiro sucesso e não ser mais considerado uma atração cruel (como realmente é), é preciso que não haja mais animais no parque.
O National Aquarium dos EUA em Baltimore está se preparando para transferir golfinhos para santuários marítimos; o Parlamento do Canadá aprovou recentemente um projeto de lei que proibirá o cativeiro de golfinhos; duas belugas na China se mudaram para o primeiro santuário de belugas em junho de 2019. Já é hora do SeaWorld fazer o mesmo. A PETA está pedindo à empresa que estabeleça um plano firme e rápido para enviar todos os animais para santuários marítimos, onde eles terão uma experiência mais similar à vida natural que lhes foi negada por tanto tempo.
O que você pode fazer
Ajude todos os animais presos pelo SeaWorld hoje mesmo, pedindo à empresa que pare de tratar golfinhos como pranchas de surfe vivas e envie os animais para santuários marítimos.
Mais informações em português:
- Peça ao SeaWorld que solte as orcas em santuários marítimos e acabe com a exploração de animais!
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